A Comunidade Quilombola Emas, no Território Lagoas, Município de São Raimundo Nonato, receberá no período de 2 a 7 de julho o Projeto Itinerante da Defensoria Pública do Estado do Piauí “Quilombo lugar de Resistência e Existências !”. Coordenada pela Defensora Pública Dra. Patrícia Ferreira Monte Feitosa, Chefe de Gabinete da DPE-PI e Titular da 12ª Defensoria Pública de Família, a ação é baseada na Campanha Nacional da Defensoria Pública em 2018, que trata sobre a erradicação do sub-registro civil.
Segundo Dra. Patrícia Monte, a escolha de uma Comunidade Quilombola se deu por ser este um dos públicos-alvo da busca ativa da referida Campanha. Os trabalhos serão desenvolvidos a partir de parcerias com órgãos e instituições como o Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, a Prefeitura Municipal de São Raimundo Nonato, a Escola de Governo, além da Secretaria de Assistência Social do Estado (Sasc),Secretaria de Saúde do Estado (Sesapi) e Agência de Tecnologia da Informação (ATI), entre outros.
As atividades iniciam na segunda-feira, dia 02 de julho, com a instalação da Jornada da Justiça Itinerante, na qual a equipe da Defensoria Itinerante prestará atendimento e orientações sobre reconhecimento de paternidade, serviços de retificação de registro civil de nascimento, suprimento de óbito, divórcio consensual, homologação de acordo de pensão alimentícia, restauração de assento de nascimento, reconhecimento e dissolução de união estável, entre outros considerados ações de natureza consensual.
Também serão desenvolvidas pelos órgãos e instituições parceiros outras atividades, como testes rápidos para sífilis, hepatite e HIV, oficinas profissionalizantes, exibição de vídeos, rodas de conversa, palestra sobre violência doméstica e familiar, oficinas de pintura e leitura.
A Coordenadora Estadual das Comunidades Quilombolas no Piauí,Maria Rosalina dos Santos, diz que a ação da Defensoria Pública será de grande valia. “As Comunidades Quilombolas aqui no Piauí, principalmente as da região Sul do Estado, vêm sendo impactadas pelos grandes projetos que estão sendo instalados em nome do desenvolvimento. Não que as comunidades sejam contra esse desenvolvimento, o que é questionado é o modelo adotado, que os instala sem uma consulta prévia a essas comunidades, muitas vezes até ignorando-as, então essa atividade junto a Comunidade Emas deixará um grande legado porque, além da ação concreta, também estará levando conhecimento e orientações sobre como as comunidades devem agir na hora da defesa dos seus direitos. Quero parabenizar a Defensoria Pública do Estado do Piauí por essa iniciativa na pessoa Dra. Patrícia Monte, porque necessitamos realmente realizar atividades desse porte após a grande vitória que as comunidades quilombolas do Brasil tiveram no dia 8 de fevereiro, que foi a conquista da garantia do Decreto 4887, que regulamento o artigo 68 em defesa dos territórios quilombolas. Esse é o momento em que estamos mais do que nunca inseridos na luta em defesa dessas comunidades e esse projeto vai fortalecer muito as lideranças do Território Lagoas, em defesa dos quilombolas naquela região”, enfatizou.
“A Prefeitura de São Raimundo Nonato vê essa ação da Defensoria Pública com muito bons olhos, porque além da Comunidade Emas precisar dos serviços que a Instituição está levando, também serão beneficiadas as demais comunidades vizinhas. É muito bem-vinda essa caravana da cidadania. Realmente é dar cidadania para aquelas pessoas que estão lá, de certa forma isoladas e que precisam desses serviços”, afirma a Secretária de Administração de São Raimundo Nonato, Nailer Castro, lembrando que a administração municipal já desenvolve junto à Comunidade um trabalho de conscientização, tendo a educação como principal foco.
“Um dos projetos da Campanha Defensorial deste ano para a erradicação do sub-registro de nascimento e documentação civil, essa ação propõe uma busca ativa do público quilombola com a ajuda e apoio de vários parceiros que abraçaram a causa. Contamos também com lideranças locais no sentido de mobilizarem as Comunidades Quilombolas, já que é uma oportunidade para regularizarem a documentação civil em atraso. Essas lideranças nos reportaram que nunca ocorreu antes uma ação tão abrangente junto as Comunidades Quilombolas. Estamos com uma expectativa bastante otimista. Importante destacar que contamos com apoio irrestrito da Prefeitura de São Raimundo Nonato, assim como da Vice-Governadora, Margarete Coêlho e convidamos tanto as instituições e órgãos daquela região, bem como a sociedade civil, para somarem nessa ação, conhecendo a vulnerabilidade dessas pessoas e nos ajudando a levar mais equidades à população quilombola”, afirma Dra. Patrícia Monte.
“Levar cidadania para as famílias integrantes da Comunidade Quilombola Emas, assim como para as demais comunidades quilombolas da região de São Raimundo Nonato será certamente uma oportunidade para que a Defensoria Pública cumpra o seu papel de proporcionar o acesso à Justiça e a garantia de direitos às populações vulneráveis. Um dos públicos para os quais é voltada a erradicação do sub-registro civil, tema da Campanha Nacional da Defensoria Pública neste ano de 2018, os quilombolas têm sido ao longo da história vítimas não apenas de preconceito, mas da carência de políticas públicas que mudem uma realidade pautada por sutis mecanismos de exclusão, que necessitam ser desarticulados e a Defensoria Pública jamais se furtará a contribuir de forma eficaz para essa mudança”, afirma a Defensora Pública Geral, Dra. Francisca Hildeth Leal Evangelista Nunes.