Projeto a ser votado na Câmara promove demissão em massa no Judiciário

Nesta segunda-feira, dia 1º, em Teresina, o deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI) recebeu o presidente da Associação Piauiense dos Defensores Públicos (Apidep), João Batista Lago, Thiago Brandão, representante da AMAPI, Glécio Setúbal, presidente da AMP/PI, além de promotores do Maranhão. Na pauta do encontro, o projeto de lei complementar (PLP) 257/2016, que trata da renegociação das dívidas dos Estados, embute uma série de alterações orçamentárias que poderão resultar na demissão em massa de promotores de Justiça e de defensores públicos. As categorias são contrárias ao projeto que limitará investigações de casos de corrupção e na drástica diminuição da prestação de serviços de advocacia pública para pessoas pobres.

 

O deputado federal Heráclito Fortes (PSB-PI) também recebeu os representantes da Defensoria Pública e promotores contrários ao Projeto de Lei. O parlamentar ouviu os argumentos das categorias e assegurou ser um interlocutor na Câmara dos Deputados. Os defensores públicos explicaram detalhes do projeto e quais os impactos do PLP 257/16, que, entre outras questões, prevê ainda uma série de cortes de investimentos em todos os setores do poder público.

 

O PLP 257/2016 estabelece o plano de auxílio aos Estados e ao Distrito Federal e fixa medidas de estimulo ao reequilíbrio fiscal. “Somos cientes da importância do projeto para os Estados, na medida em que socorre aos Estados que possuem dívidas com a União. Nesse ponto somos favoráveis. Porém, o projeto impõe equivocadamente uma série de contrapartidas aos Estados a pretexto de buscar um reequilíbrio fiscal. Essas contrapartidas acabam atingindo diretamente outros Poderes e órgãos autônomos, como é o caso da Defensoria Pública, Ministério Público, tribunais de contas, etc.”, afirma João Batista Lago, presidente da Apidep.

 

Ele cita ainda entre estas medidas a inclusão de despesas que historicamente não eram computadas para o limite de gastos com pessoal e caso aprovada a lei passarão a ser. É o caso dos contratos de terceirização, despesas com inativos e a remuneração bruta dos servidores. “No caso da Defensoria Pública ainda há um agravante: o projeto estabelece como limite máximo para despesa com pessoal o ínfimo percentual de 0,7% da Receita Corrente Líquida. Ocorre que a Defensoria Pública do Piauí, que atende apenas 26 Comarcas e está em processo de expansão, já gasta mais que isso. Para se ter uma ideia, o MP tem como limite 2% da RCL”, explicou o defensor público.

 

João Batista reforça que uma vez aprovado o PLP 257 a Defensoria Pública terá que encerrar seus contratos de terceirização, desligar todos os estagiários, exonerar os comissionados e demitir Defensores Públicos, além de fechar seus núcleos de atendimento em algumas cidades do interior. “Ou seja: a população carente do Piauí ficará definitivamente desamparada em matéria de assistência jurídica”, destaca.